quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Eu sou tradicional

“Você é um cara tradicional”, disse certa vez meu amigo Daniel Brito. “Você gosta das coisas arrumadinhas e tal”, acrescentou. Parei para refletir sobre essas afirmações e conclui que ele tem razão. Eu realmente sou um cidadão tradicionalista.

Em poucos segundos escaniei toda minha vida no HD da minha mente. Percebi que prefiro seguir o modelo já existente. Nunca fui muito de fazer inovações, tanto na vida pessoal quanto na profissional.

Na época que trabalhava em jornal impresso e em rádio não cheguei a fazer grandes mudanças na forma de fazer jornalismo esportivo. No fundo segui um modelo que outros colegas tinham deixado. Uma vez ou outra era que ousava em fazer uma página diferente. Muito pouco para quem fazia cerca de trezentas por ano.

Na televisão não foi diferente. Nunca fui um repórter de me preocupar com passagens “ousadas”, tipo sair de dentro de caixão numa matéria sobre funerárias. O plano americano com boas informações era suficiente pra mim. Há mais de dois anos trabalhando nos bastidores vi que até agora não fiz muitas inovações. Sou meio “se tá bom não precisa mudar”.

Minhas roupas e meu estilo de cabelo revelam meu jeito tradicional de ser. Cabelo de lado, camisas de botão (a maioria lisa), óculos sem aros, calça jeans ou esporte fino fazem parte do meu look.

Já tive experiências que me mostraram que a sociedade se acostumou com meu tradicionalismo. Nas vezes que tentei mudar as pessoas estranharam. Foi assim quando decidi ir a um show com uma camiseta babyman. Não sei nem se o nome é esse mesmo, mas é um tipo de camiseta que cola no corpo, mangas curtas, estilo babylook que as mulheres usam. Só que (dizem) para homens. Um amigo meu disse logo:

- Que p**** é essa? Negócio estranho danado.

O pior era que eu achava legal nos outros. Em mim não combinou. Pensando bem eu acho que fui muito radical na mudança de visual. Sair de uma camisa de botão para uma colada no corpo é o extremo.

Não me preocupo em ser tradicional, que alguns chamam de careta, de quadrado. Reconheço que a mudança deve fazer parte da nossa vida. O fato de não querer ousar (não por medo, mas por comodidade) acaba sendo prejudicial em certos aspectos. Não dá para ficar alheio às tendências. É preciso inovar. Afinal a única coisa constante no mundo é a mudança.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Não é fácil atualizar

Não precisa nem falar. Basta olhar a data da postagem anterior que vai ver o quanto eu tenho deixado o blog de lado. Motivos? Trabalho (passo o dia na tevê), um pouco de estudo e, confesso, preguiça de chegar em casa e ir pra frente do computador escrever.

Foi por causa dessa irresponsabilidade e do descaso que há cerca de seis meses encerrei o meu Esportes na Rede (leojornalista.blogspot.com). A falta de atualização não se limita apenas a este humilde espaço. Mesmo sendo um co-fundador do Filhos da Pauta (filhodapauta.blogspot.com) há muito tempo que não coloco um texto por lá. Até minha coluna (que deveria ser semanal) em um site esportivo está em débito.

Posso justificar a falta de atualização com qualquer coisa. Menos com falta de assunto. Minha agenda está cheia de histórias que pretendo contar aqui nos próximos dias. Algumas esqueci os detalhes e certamente não ficarão legais como talvez ficasse se tivesse escrito na época que tive a idéia.

Como dizem os blogueiros mais experientes (e atuantes) o segredo do blog é a atualização. Só assim os visitantes se transformam em leitores. Tudo bem que o blogueiro não escreve pensando que vai ser lido por milhares de pessoas, mas é legal ter um público. Não importa a quantidade. O amigo Daniel Brito escreveu inúmeras mensagens cobrando atualização. Gilmara Dias, que descobriu o blog dia desses, também reclamou da desatualização.

Tentarei não passar mais tanto tempo sem atualizar. Minha meta é postar duas ou três vezes por semana. Precisarei de muita disciplina porque o Filhos da Pauta que necessita de minha colaboração.

Considero esse post um novo começo na vida de um blogueiro.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Frase da semana

"A segunda coisa mais difícil do mundo é aprender a ler.
A primeira é desaprender."

domingo, 27 de julho de 2008

Queridos amigos

A Mega-Sena acumulada pagou no sábado, dia 26, um prêmio de mais de R$ 52 milhões. Dois sortudos ganharam a bolada. Foram mais de R$ 26 milhões para cada um. É muita grana.

Antes do sorteio todo mundo sonhava com esse prêmio. Não joguei. Me chance de ganhar era zero. Vez por outra faço uma ‘fezinha’. E já me perguntei o que faria se ganhasse um dinheiro desses.

Se não quisesse esquentar a cabeça colocaria na poupança. Teria um rendimento mensal de cerca de R$ 200 mil. Dinheiro que daria para viver tranqüilamente para o resto da minha humilde vida.

Teria dinheiro para adquirir todos os bens materiais que havia sonhado. E quase todos que quisesse. Quase porque existem coisas que nem com toda essa grana dá para comprar.

Viajaria para onde quisesse.

No fundo a vida ficaria um pouco sem graça. Seria preciso dar um novo sentido já que as realizações materiais estariam ao meu alcance.

O homem não consegue viver sem desafios. Existem exceções. Mas o que motiva a vida da maioria das pessoas é o desafio.

Se ganhasse R$ 26 milhões na Mega-Sena eu faria o que todo mundo faz. Passaria um bom tempo viajando pelo mundo, compraria algumas que sonho em ter, ajudaria familiares e alguns amigos mais chegados.

Depois disso precisaria encontrar um rumo para a minha vida. E uma das coisas seria construir uma instituição de apóio a pessoas carentes, oferecendo alfabetização e capacitação profissional. Não dá para não ajudar o próximo com tanto dinheiro. Seria muito egoísmo.

Como já havia conhecido todos os países que sonhava eu iria fazer uma viagem mais caseira. Iria sair de carro visitando os 223 municípios da Paraíba. Em cada um deles tiraria fotos de suas igrejas e depois montaria uma exposição.

E uma coisa que gostaria de fazer era viajar a procura de pessoas que de alguma forma fizeram parte de minha vida. Gostaria de rever alguns amigos do passado. Saber como eles estão, conhecer seus filhos, sua vida.

Algumas pessoas sei onde moram. Logo de cara eu teria que ir ao Piauí, Maranhão, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Roraima, Rondônia, Tocantins, Sergipe, Bahia e Alagoas.

Muita gente teria que encontrar. O Orkut poderia ser uma boa ajuda.

Logicamente muitas dessas pessoas me tratariam friamente como um simples “oi” ou um “diz”. Outras certamente fariam uma festa. E com essas eu bateria um bom papo relembrando de coisas que fizemos juntos.

Muitas pessoas passam na nossa vida. E boa parte delas se torna importante. Mas o ciclo é rápido. A cada dia conhecemos novas pessoas. E as do passado vão perdendo espaço e nem sempre ficam lembranças.

É como diz a música ‘A Lista’, de Oswaldo Montenegro:

“Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?”

domingo, 4 de maio de 2008

Velórios

Honório não gostava de ir a velórios. Evitava ao máximo. Quando sabia que o familiar de um amigo tinha morrido desligava o celular, se escondia. Depois do enterro aparecia com uma desculpa.

- Infelizmente tive uns problemas é só fiquei sabendo hoje que sua irmã morreu. Nem tive como ir ao velório nem ao enterro. Meus pêsames.

Dessa vez não tinha jeito. Não dava pra se esconder. A mãe de Bartolomeu havia morrido.

Honório e Bartolomeu eram amigos de infância. Sabiam tudo sobre a vida um do outro. Primeira namorada, primeiro porre, primeira transa. Choravam juntos e bebiam quando um dos dois era dispensado por uma garota.

Bartolomeu não era qualquer um. Não podia deixá-lo só naquele momento.

A primeira dúvida de Honório era que roupa usar. Não tinha roupa preta porque eram desnecessárias. Nunca ia a velório mesmo. O pior era que o guarda-roupa estava cheio de camisas estampadas, estilo moda havaiana.

Mas o velório da mãe de Bartolomeu merecia comprar uma camisa preta. A calça podia ser jeans mesmo.

Problema da roupa resolvido agora era preciso pensar no que dizer ao chegar ao velório. Foi todo o caminho pensando no que falar.

- Oi tudo bem?

Não...Não. Nada podia estar bem.

Esse cumprimento estava descartado.

- Olá.

Também não. É muito seco. Impessoal demais para um grande amigo.

- Diz.

Muito pior.

- Como você está?

Pergunta imbecil. Ninguém vai responder que está bem depois de perder a mãe.

Bartolomeu, os irmãos e o pai estão em volta do caixão. Honório chega ao velório. Não diz nada. Balança apenas a cabeça para cumprimentar as pessoas.

Bartô levanta-se e o abraça chorando.

- Meu amigo estou sofrendo muito. A gente sabia que mainha tinha 99 anos. Mas esperava ela viver mais uns dez pelo menos.

Honório não tinha pensando no que dizer. Pra quem não freqüenta velório é preciso pensar em tudo antes.

Ele pensou rápido. Em segundos pensou em pelo menos três frases.

- Meus pêsames.

Não. Todo mundo diz isso.

- Bartô morrer faz parte da vida.

Horrível. Imaginou se fosse sua mãe.

- Ela passou dessa pra uma melhor.

Também não. Era arriscado ouvir: “eu queria que ela estivesse numa pior perto da gente”.

Finalmente a frase certa.

- Nada que eu disser aqui vai te confortar.

E ficou calado o resto da tarde. Como iria viajar a trabalho no dia seguinte, e Bartô sabia disso, não iria ao enterro.

À noite, depois de tomar um cafezinho decidiu ir embora. Por dentro estava alegre porque tinha enfrentado bem a situação. Não tinha cometido nenhuma gafe.

- Bartô, estou indo embora. Você sabe que amanhã viajo logo cedo.

- Eu sei. Brigado por tudo amigão.

- Que iiiisssoooo. Não poderia deixar de vir.

- Foi importante pra mim sua presença.

- Então...até a próxima.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Sozinho

Gay Talese relata que os nova-iorquinos piscam 28 vezes por minuto, 40 estão tensos. E que enxugam por dia 1,74 milhão de litros de cerveja, devoram 1,5 mil toneladas de carne e passam 34 quilômetros de fio dental entre os dentes.

Na TV, o Esporte Espetacular exibe um quadro sobre o desafio de gols olímpicos com o ex-jogador do Flamengo Júnior e o meia Sérvio Petkovic.

Divido minha atenção entre o Fama e Anonimato, de Talese, e o programa da Globo. Não consigo me concentrar em nenhum dos dois. Ainda mais quando o garçom se aproxima.

- Já pediu?

- Não. Traga uma cerveja, por favor.

- Tudo bem.

O bar está quase vazio. Apenas outras duas mesas estão ocupadas.

Nem todo mundo tem disposição para iniciar os trabalhos às 10h30 do domingo de manhã.
Em Campina Grande os bares começam a lotar depois das 11h30. É o horário que termina a maioria dos jogos de pelada.

Dois minutos depois o garçom abre a cerva e coloca numa tulipa de 250 ml.
Tomar cerveja num copo pequeno evita que esquente.

No primeiro gole a conversa de uma mesa quase vizinha chama minha atenção. Deixo de lado o livro e a televisão. O livro nem tanto. Fico disfarçando que estou lendo para ouvir a conversa.
Jornalista é curioso por natureza. As seis pessoas discutiam o futuro político de Lagoa Seca, uma cidade com mais de 24 mil habitantes a apenas sete quilômetros de Campina.

- Lembra da campanha de 2006? Eu fiz a diferença na cidade (em Lagoa Seca) para eleger o governador, disse um cara malhado, com ar de grande articulador político da região.

No fundo achei que ele era um contador de vantagem. E os colegas só o escutavam porque era o dono do carro.

- É "meschmo". E agora vooocê vai apoiar quem?

- Nem sei. Vou esperar alguém ir lá em casa. Eles (os candidatos) sabem que eu consigo voto mesmo.

Fiquei com remorso de ter feito um pré-julgamento. Vai ver que ele era realmente um grande articulador político.

- Na última eleição eu consegui 50 votos, disse.

Não, não eu não tinha errado. Achar que 50 votos foram fundamentais para eleger um governador era história de um contador de vantagem.
Foi a terceira ou quarta vez que bebi sozinho só este ano.
O "só" é porque em mais de 15 anos de cachaça só havia bebido duas vezes sozinho.
Por mais que tivesse com vontade de tomar uma cerveja não ia sozinho. Ficava preocupado com os que as pessoas poderiam pensar.

"Esse cara é muito solitário. Não tem nem amigo para beber com ele".

"Esse cara deve ser viado. Tá bebendo sozinho porque quer dá em cima de alguém".

É aquela história, pior que ser é ter a fama.

Hoje não me preocupo com a opinião dos outros. Quando estou a fim de tomar uma cerva para relaxar e nenhum amigo está disponível vou sozinho.

Não se trata de egoísmo. Também não é aquela história: “eu me basto”. Adoro sentar com amigos para bater um papo e gelar a goela.

Nas primeiras vezes que decidi sentar sozinho para tomar algumas long necks ficava apenas olhando o tempo. Descobri que é legal levar um livro ou uma revista para distrair.

Até agora não conseguiu ler mais que uma página.

Os assuntos das mesas vizinhas chamam mais minha atenção.

Sei, eu sei que isso é coisa de fofoqueiro. Fazer o quê?

A curiosidade é mais forte que eu.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Sobre a mentira

Aprendemos desde criança (quando ficamos mais velhos ensinamos) que não devemos mentir.

Em casa, na escola, na igreja. A lição é sempre a mesma: não mentir.

Nos Dez Mandamentos a mentira é falso testemunho. "Não levantarás falso testemunho contra teu próximo".

E por que diabos criaram o Dia da Mentira?

Talvez seja porque ninguém vive sem mentir.

Atire a primeira pedra quem nunca mentiu.

Não estou fazendo apologia à mentira tampouco falando de grandes mentiras, aquelas prejudicam as pessoas.

Só que uma pequena mentira (se é que se pode medir) é uma mentira.

Li em algum lugar que essas "mentirinhas" são pontos de equilíbrio do mundo.

Em parte eu concordo. Não dá pra ser um super-sincero, falar sempre a verdade. Afinal como diz meu amigo DBrito “certas verdades parecem grosserias”.

Já imaginou uma mulher chegar e dizer:

- Ave Maria, eu tô muito gorda, num tô?

Dificilmente alguém vai responder na bucha:

- Tá.

Mesmo sendo uma gorda que te fez a pergunta você prefere:

- Queéééééé iiiiiiiiissooo! É impressão. Você está apenas um pouco mais forte.

É uma mentira. Mas uma mentirinha necessária. Se falar a verdade pode rolar discussão, causando um desequilíbrio.

Existem outras situações.

- Ah, sou muito feia por isso não tenho namorado. Eu num sou feia?

- Nã... nã... não. São os homens que ainda não conseguiram enxergar você.

Dificilmente alguém vai ter coragem de falar que é.

E mais:

- Você está demorando a comer. A comida está muito ruim não é?

O pior é que tá ruim mesmo. Mas não dá pra falar a verdade quando se é convidado para almoçar na casa de alguém.

A solução é mentir.

- Nããããããooo. Está uma delícia. É que ultimamente estou sem apetite pra tudo. Até tomando remédio, uma vitamina, eu estou.

O problema da mentira é que quando se conta uma é preciso dizer outras para justificar a primeira.

A gordinha sempre vai te procurar para saber se continua gordinha. E será preciso mentir de novo. Da mesma forma será com a feinha.

Pior é a comida. A pessoa que te convidou vai preparar o mesmo prato para o próximo almoço.

Nesse caso, em vez de mentir, talvez seja melhor dizer que não gosta do prato e evitar o “bis” no almoço seguinte.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Crescimento

O crescimento está fora da zona de conforto. Sair do conforto signfica mudança.

Nem todo mundo gosta de mudar. Principalmente no campo profissional. Quem adora inovar reconhece que existe um certo receio.

É natural. É a saída de algo conhecido para o, até então, desconhecido.

Somente quem supera esse medo é capaz de mudar e, conseqüentemente, crescer.

A mudança pode até no futuro se revelar errada. Mas fica a lição.

O problema é que nem todo mundo está disposto a pagar pra ver. Prefere permanecer na zona de conforto.

Cedo ou tarde somos levados a tomar uma decisão: permanecer no emprego ou mudar diante de uma aparente (aparente porque ainda é desconhecida) boa proposta?

O mais cômodo seria ficar onde todos conhecem seu trabalho e existe um respeito.

Mudar signfica ter que conquistar tudo de novo.

É.

Na nova empresa, apesar das boas referências, ninguém conhece de perto seu trabalho.

Será preciso justificar sua contratação. Isso requer mais trabalho e algumas adequações.

Lembro que um dia desses assisti a uma entrevista do goleiro Júlio César, hoje na Seleção Brasileira.

Ele disse que quando foi para Inter de Milão saiu do Flamengo com status de ídolo. Na Itália precisou começar do zero.

Suas boas atuações no Flamengo não garantiam uma vaga de titular. Precisava escrever sua história na Inter.

Com o tempo conquistou respeito e, hoje, é ídolo também na clube italiano.

A história de sucesso de Júlio César foi escrita com muito trabalho.

Einstein já dizia que o único lugar que sucesso vem antes de trabalho é no dicionário.

Já que entrei no campo das “frases feitas” sempre que falo em crescimento profissional lembro da história da carpa.

Diz um escrito que a carpa japonesa (koi) cresce de acordo com o tamanho do seu ambiente.

Num pequeno tanque geralmente não passa de cinco ou sete centímetros. Mas se colocada num lago pode atingir três vezes este tamanho.
Da mesma forma é no ambiente de trabalho. Se estamos num local que não nos oferece condições de crescer mais a saída é mudar.

Se somos maior que o ambiente em que estamos vivendo não precisamos ser como a carpa, que para o próprio bem aceita os limites do local.

Somos livres para decidir qual caminho seguir. E buscar um ambiente que proporcione crescimento.

Mesmo que a adaptação inicial seja desconfortável e dolorosa.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A fase do Mirc

Passada a fase das salas de bate papo eu evolui. O mirc era agora meu canal de comunicação com minhas paqueras virtuais.

Na verdade eu não entrava no mirc atrás apenas de paqueras. Gostava de trocar idéias, fazer amizades, mesmo que passageiras.

No fundo o mirc era uma forma de – já que sou tímido - exercitar meu papo com as mulheres.

No mirc tinha a vantagem de poder escolher o lugar através do canal. Sempre optava por os canais de Campina Grande e João Pessoa. No máximo Natal e Recife. Seria mais fácil encontrar pessoalmente a minha possível paquera virtual.

Numa quarta-feira qualquer estava encerrando minha participação na net por volta da meia noite.

Mas resolvi teclar com a última mulher da noite. Não lembro o nome. Ela era de João Pessoa.

Em cinco minutos de conversa descobri que ela era noiva. Percebi pelas suas palavras – mesmo no computador – que o relacionamento não era lá essas coisas.

Chama a atenção a quantidade de pessoas que são mal amadas num relacionamento, mas mesmo assim continuam nele. Não vou entrar nos detalhes que fazem as pessoas se acomodarem. Até porque esse não é post de análises afetivas.

Voltando a conversa na net, minha nova amiga estranhou o fato de na época eu estar sem namorada há quase três anos.

Era a deixa que eu precisava para saber se eu estava certo sobre a má fase do noivado dela.

- É questão de opção. É melhor estar sozinho que está com alguém que não te completa. A pior solidão é a solidão a dois.

- É, respondeu ela demonstrando que sentia-se assim.

Aliás quando você disser a frase “a pior solidão é a solidão a dois” preste atenção na reação de quem está ouvindo. Essa pessoa pode estar sentindo-se assim.

A partir daí a conversa fluiu e ela me contou alguns problemas do noivado. Pediu o número do meu telefone celular. Dei. E em menos de cinco minutos ela estava me ligando.

Conversamos até quase quatro da manhã. Foram mais de três horas de papo.

E assim foi durante vários dias. Ela me ligava duas, três vezes por dia. À noite a conversa durava no mínimo três horas.

Sabia que ela era estudante. Minha curiosidade era saber onde ela arrumaria grana para pagar a conta astronômica de telefone que viria no final do mês.

- Minha mãe é prefeita de uma cidade do interior do Ceará. Ela manda o dinheiro pra mim.

Estava explicado. A conta seria paga com o dinheiro do povo dessa cidade, onde provavelmente a maioria do povo passava necessidade.

Precisava conhecer a pessoa que com quem tinha me afinado tanto. E quando se fala em conhecer pessoalmente sempre surge aquela pergunta: será que ela é bonita?

Não venha me dizer que ninguém que se preocupa com a beleza, que o importante é o interior.

Quem marca um encontro através da net se preocupa exclusivamente com a beleza. É a primeira impressão. Se a pessoa for bonita o lance evolui. Se não for trava.

Pois bem. Eu ia conhecer minha paquera no final de semana. Mas resolvi marcar um encontro numa quinta-feira antes. Nesse encontro quem iria seria um amigo.

Falei pra ela do meu plano. Aceitou na maior. Eu precisava ter uma noção do que encontraria no fim de semana.

Como era uma situação de perigo arrumei um dublê. Escalei meu amigo Daniel Brito. Ainda escolhi a roupa que ele vestiria. Uma camisa de super-homem (perdão em revelar isso DB).

Com esse traje seria impossível ela não vê-la em frente a faculdade.

E lá foi DB me representar.

No dia do encontro fui ao cinema com uma menina que estava de rolo. No meio do filme meu celular toca. Era Daniel.

- E ai Da Silva, tá onde?
- Tô no cinema com J*. E ai a menina? É bonita?
- É sim Da Silva. To te ligando pra perguntar uma coisa também?
- Fala.
- Se eu saísse com essa menina aqui tu ficaria chateado?

O dublê queria assumir meu lugar. Como estava com outra disse que o caminho estava livre. Mas lembrei na hora da cena do filme “Quem vai ficar com Mary?”

- Não tem problema DB. Estou aqui no cinema com J*.
- Ainda bem porque já estou indo ao posto comprar cerveja para levar pro apartamento dela.

Daniel parece que ainda conseguiu dar uma beijo nela. E só. Afinal ela era noiva
Duas semana depois fui a João Pessoa e a conheci pessoalmente. Gente muito boa. Ficamos no Mag Shopping eu, ela, uma amiga e o Daniel, meu dublê.

Depois dessa resolvi investir em paqueras do mundo real. E esqueci os dublês.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Paqueras virtuais

Paqueras virtuais

Era como começava minhas conversas nas salas de bate-papo do Terra. Há seis, sete anos esse era meu maior passatempo.

Quando terminava o expediente no jornal começava minha busca por amizades e, é claro, paqueras virtuais.

Conheci (virtualmente) pessoas interessantes. Fiz amizades que duraram pouco tempo.

Num desses dias entrei numa sala de bate papo com 9652 pessoas. Eu fazia questão de prestar atenção quantas pessoas estavam on line. Não era possível que nesse monte de gente alguém não fosse interessante. Comecei uma conversa com aquelas velhas perguntas de praxe.

- Oi
- Oi.
- Tudo bem.
- Tudo.
- h ou m? (como se alguém pudesse saber se era verdade)
- m. E vc?
- h. nome?
Ana Maria. E o seu?
- Marcelo. O que fazes?(não revelava meu nome logo de cara, tampouco dizia que era jornalista)
- Estudo.
- Onde?
- Faculdade
- Que curso?
- Jornalismo.
- Que massa. Acho esse curso muito bom.
- E vc?
- Vou fazer vestibular.
- Ah.
- De onde tc?
- De Campina Grande, na PB. Sabe onde fica?
- Lógico.

Maior coincidência de todos os tempos. Pensei logo em revelar que era de CG, pois já facilitaria um encontro.

- Tb tc de CG.
- Num acredito. Que bairro?
- Alto Branco. E vc?

Mentira eu estava no Centro.

- Centro.
- que rua?
- Irineu Joffly.
- então vc estuda na UEPB.
- Isso e faço estágio na Câmara Municipal.

Pronto. Já sabia a quem perguntar sobre minha paquera virtual. Ainda troquei algumas mensagens com ela, mas já tinha dados suficientes para encontrá-la pessoalmente.

No dia seguinte, dei todas as características da figura ao repórter de política do jornal. Ele disse que conhecia. Contei toda a história (meu maior erro) pra ele.

Depois de outras conversas na net acabei esquecendo da figura de Campina.

Só que o repórter de política não. Numa sexta-feira, maior correria para fechar o jornal, o ramal dele toca ao meu lado. Ele atende e olha para a redação. Todo mundo começa a rir.

Não entendi nada e continuei a fechar a página.

Trabalhava num computador que me forçava a ficar de costas pra porta. Só escutei alguém me chamando.

- Léo.

Virei.

- Oi.
- Trouxe aqui sua namorada virtual pra você conhecer.

Procurei um lugar para me enterrar. Fiquei olhando pra aquela pessoa na minha frente, sem saber o que dizer, nem muito menos o que fazer. O máximo que saiu foi: “Oi tudo bem?”.

- Gostou Léo, perguntou o repórter de política.
- Rapaz, assim você me deixa sem jeito.
- Tá aprovada? E você gostou do seu namorado?

Toda a redação passou uns cinco minutos tirando o sarro da minha cara. Os caras tinham armado pra mim. Combinaram com a menina dizendo que estava louco para conhecê-la.

Apesar desse mico continuei na net. Porém pouco tempo depois aboli as salas de bate-papo e aderi ao Mirc.

O meu encontro através do Mirc eu conto no próximo post.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Nomes

Acho muito chato quando alguém troca meu nome. Não que me ache desprestigiado.

Dar um branco acontece com qualquer.

O que me chateia é não me sentir à vontade para corrigir.

Eu, talvez seja, uma das pessoas que mais tem o nome trocado.

Não, não. Não estou falando de trocar uma vez ou outra.

Na verdade para algumas pessoas meu nome é outro.

Tem um cara que fez faculdade na mesma época que eu e só me chamar de Wagner.

- Oi Wagner tudo bem? - Olá amigão. Tudo em ordem.

É sempre assim às vezes que o encontro na rua. Nunca achei uma explicação para esse “Wagner”.

Os outros casos consegui entender.

Outro colega, que hoje trabalha na Panorâmica FM, só me chama de Joselito.

Isso há pelo menos dez anos. Não vai ser agora que vou desapontá-lo.

Joselito na verdade é o nome de outro cara que jogava futebol conosco na época de faculdade.

Desde essa época que o colega confundiu.

Tem um vereador aqui em Campina Grande que só me chama de Fábio. Aliás, de Fabinho.

- Opa Fabinho como você ta?

A pergunta vem acompanhada de um abraço típico de político.

De onde vem esse Fabinho? Eu explico.

Quando trabalhava na TV Borborema sempre fiz matérias com esse cidadão.

Como quem marcava a reportagem era o produtor Fábio ele achava (e continua achando) que Fábio era eu.

O pior é que já fiz flashes ao vivo com ele, onde sempre disse o meu nome no final para assinar a participação.

O vereador nunca prestou atenção.

Quando mudei de emissora ele disse em voz alta no teatro.

- Fabinho você agora ta na TV Paraíba. Boa Sorte lá.

Tenha um nome mais novo.

O cara da padaria perto da minha casa (onde estou morando há pouco mais de seis meses) só me chama de Daniel.

É porque na época que Daniel trabalhou em Campina apresentou o programa Esporte no 9.

Eu fazia as reportagens do programa. E quando Daniel foi embora para Brasília eu apresentei o programa várias vezes.

Daí o Daniel.

Sim, antes que eu me esqueça, meu nome é Leonardo. Para os mais chegados, Léo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Fã e ídolo

César (apesar de ser uma história real, o nome é fictício) almoçava tranquilamente numa churrascaria da cidade de Sousa, interior paraibano.

Acertava com o repórter os últimos detalhes da transmissão do jogo que faria dentro de algumas horas. Foi quando percebeu que um de seus grandes ídolos na música entrava na churrascaria.

- Olha quem chegou. É Almir dos Fevers. Sou fã desse cara.

- Tu já tinha me dito.

- Vou lá falar com ele. Pedir para ele autografar meu CD.

- É vai sim.

César se dirige a cinco mesas à frente. Almir acabara de sentar.

- Olá, bom dia. Almir eu sou um grande fã seu.

- Ah é. Obrigado.

- Vai ter show aqui perto?

- Vai sim.

- Pense numa tentação. Se não tivesse que voltar hoje ficaria para assistir o show.

- E você?

- Vou transmitir um jogo aqui na cidade. Sou radialista.

- Que bom.

- Almir é o seguinte. Viajei de Campina Grande até aqui, mais de três horas, escutando seu CD. E gostaria de saber se você pode autografar meu CD.

- Ah, claro. Será um prazer.

- Espera só um pouco que vou aqui no carro pegar.

O radialista anda rápido pro carro. No caminho pensa (ele não tinha sequer escutado The Fevers na viagem) se o CD estava realmente no carro.

Depois de abrir a porta sente aquele bafo quente no rosto do calor que estava “armazenado” dentro do carro. O suor pinga da testa.

César senta-se no banco do passageiro, abre o porta-luvas (já pingando de suor) e começa a remexer o porta CD, com capacidade para 60 cd’s. Passa um por um.

Depois de olhar quase cinqüenta encontra. Era melhor não ter encontrado. O CD do grande ídolo era pirata, comprado naqueles carrinhos por 2 reais.

Não dava pra pedir um autógrafo num CD pirata. Seria muita cara de pau.

Mas ele lembra que a caixa do CD também está no carro. Sem jeito é uma capa típica de CD pirata. Aquelas feitas no computador impressa em papel oficial que só vem o nome do cantor, digitado na maioria das vezes em diagonal.

Uns dez minutos depois César volta pra churrascaria. Na parte da barriga, a camisa molhada de suor (tá pensando que é fácil ficar dentro de um carro no Sertão). Na testa o suor também escorre. As mãos vazias. Aliás, cheia de constrangimento.

- Eh, olha Almir eu o CD estava no carro, mas não consegui encontrar.

Uma desculpa esfarrapada para quem tinha passado três horas escutando um CD.

- Tudo bem. Fica pra próxima. Bom apetite pra você e bom trabalho lá no jogo, disse sem disfarçar que sabia da mentira.

O repórter da mesa acompanha tudo à distância. Sem entender nada.

- O que foi que houve?

- Fui pegar o CD no carro para Almir autografar e o que eu tenho é pirata. Não tive coragem de trazer.

- Hahahahahahahhahahaha.