quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Fã e ídolo

César (apesar de ser uma história real, o nome é fictício) almoçava tranquilamente numa churrascaria da cidade de Sousa, interior paraibano.

Acertava com o repórter os últimos detalhes da transmissão do jogo que faria dentro de algumas horas. Foi quando percebeu que um de seus grandes ídolos na música entrava na churrascaria.

- Olha quem chegou. É Almir dos Fevers. Sou fã desse cara.

- Tu já tinha me dito.

- Vou lá falar com ele. Pedir para ele autografar meu CD.

- É vai sim.

César se dirige a cinco mesas à frente. Almir acabara de sentar.

- Olá, bom dia. Almir eu sou um grande fã seu.

- Ah é. Obrigado.

- Vai ter show aqui perto?

- Vai sim.

- Pense numa tentação. Se não tivesse que voltar hoje ficaria para assistir o show.

- E você?

- Vou transmitir um jogo aqui na cidade. Sou radialista.

- Que bom.

- Almir é o seguinte. Viajei de Campina Grande até aqui, mais de três horas, escutando seu CD. E gostaria de saber se você pode autografar meu CD.

- Ah, claro. Será um prazer.

- Espera só um pouco que vou aqui no carro pegar.

O radialista anda rápido pro carro. No caminho pensa (ele não tinha sequer escutado The Fevers na viagem) se o CD estava realmente no carro.

Depois de abrir a porta sente aquele bafo quente no rosto do calor que estava “armazenado” dentro do carro. O suor pinga da testa.

César senta-se no banco do passageiro, abre o porta-luvas (já pingando de suor) e começa a remexer o porta CD, com capacidade para 60 cd’s. Passa um por um.

Depois de olhar quase cinqüenta encontra. Era melhor não ter encontrado. O CD do grande ídolo era pirata, comprado naqueles carrinhos por 2 reais.

Não dava pra pedir um autógrafo num CD pirata. Seria muita cara de pau.

Mas ele lembra que a caixa do CD também está no carro. Sem jeito é uma capa típica de CD pirata. Aquelas feitas no computador impressa em papel oficial que só vem o nome do cantor, digitado na maioria das vezes em diagonal.

Uns dez minutos depois César volta pra churrascaria. Na parte da barriga, a camisa molhada de suor (tá pensando que é fácil ficar dentro de um carro no Sertão). Na testa o suor também escorre. As mãos vazias. Aliás, cheia de constrangimento.

- Eh, olha Almir eu o CD estava no carro, mas não consegui encontrar.

Uma desculpa esfarrapada para quem tinha passado três horas escutando um CD.

- Tudo bem. Fica pra próxima. Bom apetite pra você e bom trabalho lá no jogo, disse sem disfarçar que sabia da mentira.

O repórter da mesa acompanha tudo à distância. Sem entender nada.

- O que foi que houve?

- Fui pegar o CD no carro para Almir autografar e o que eu tenho é pirata. Não tive coragem de trazer.

- Hahahahahahahhahahaha.

2 comentários:

Ferreira Neto disse...

Stituação parecida aconteceu com um amigo meu, locutor aqui em Santa Cruz do Capibaribe PE. Em uma entrevista no studio com a Banda Magníficos, a vocalista Walquíria Santos pediu para ver a capa do mais recente cd da banda(daquela época), para que podesse indicar a música que seria executada naquele momento. Foi quando o locutor lembrou que o cd era pirata, ai ele disfarçou, "não estou com a capa desse cd no momento, deixei no studio de gravação".

DB disse...

bora atualizar isso aqui, ó...