domingo, 27 de janeiro de 2008

Paqueras virtuais

Paqueras virtuais

Era como começava minhas conversas nas salas de bate-papo do Terra. Há seis, sete anos esse era meu maior passatempo.

Quando terminava o expediente no jornal começava minha busca por amizades e, é claro, paqueras virtuais.

Conheci (virtualmente) pessoas interessantes. Fiz amizades que duraram pouco tempo.

Num desses dias entrei numa sala de bate papo com 9652 pessoas. Eu fazia questão de prestar atenção quantas pessoas estavam on line. Não era possível que nesse monte de gente alguém não fosse interessante. Comecei uma conversa com aquelas velhas perguntas de praxe.

- Oi
- Oi.
- Tudo bem.
- Tudo.
- h ou m? (como se alguém pudesse saber se era verdade)
- m. E vc?
- h. nome?
Ana Maria. E o seu?
- Marcelo. O que fazes?(não revelava meu nome logo de cara, tampouco dizia que era jornalista)
- Estudo.
- Onde?
- Faculdade
- Que curso?
- Jornalismo.
- Que massa. Acho esse curso muito bom.
- E vc?
- Vou fazer vestibular.
- Ah.
- De onde tc?
- De Campina Grande, na PB. Sabe onde fica?
- Lógico.

Maior coincidência de todos os tempos. Pensei logo em revelar que era de CG, pois já facilitaria um encontro.

- Tb tc de CG.
- Num acredito. Que bairro?
- Alto Branco. E vc?

Mentira eu estava no Centro.

- Centro.
- que rua?
- Irineu Joffly.
- então vc estuda na UEPB.
- Isso e faço estágio na Câmara Municipal.

Pronto. Já sabia a quem perguntar sobre minha paquera virtual. Ainda troquei algumas mensagens com ela, mas já tinha dados suficientes para encontrá-la pessoalmente.

No dia seguinte, dei todas as características da figura ao repórter de política do jornal. Ele disse que conhecia. Contei toda a história (meu maior erro) pra ele.

Depois de outras conversas na net acabei esquecendo da figura de Campina.

Só que o repórter de política não. Numa sexta-feira, maior correria para fechar o jornal, o ramal dele toca ao meu lado. Ele atende e olha para a redação. Todo mundo começa a rir.

Não entendi nada e continuei a fechar a página.

Trabalhava num computador que me forçava a ficar de costas pra porta. Só escutei alguém me chamando.

- Léo.

Virei.

- Oi.
- Trouxe aqui sua namorada virtual pra você conhecer.

Procurei um lugar para me enterrar. Fiquei olhando pra aquela pessoa na minha frente, sem saber o que dizer, nem muito menos o que fazer. O máximo que saiu foi: “Oi tudo bem?”.

- Gostou Léo, perguntou o repórter de política.
- Rapaz, assim você me deixa sem jeito.
- Tá aprovada? E você gostou do seu namorado?

Toda a redação passou uns cinco minutos tirando o sarro da minha cara. Os caras tinham armado pra mim. Combinaram com a menina dizendo que estava louco para conhecê-la.

Apesar desse mico continuei na net. Porém pouco tempo depois aboli as salas de bate-papo e aderi ao Mirc.

O meu encontro através do Mirc eu conto no próximo post.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Nomes

Acho muito chato quando alguém troca meu nome. Não que me ache desprestigiado.

Dar um branco acontece com qualquer.

O que me chateia é não me sentir à vontade para corrigir.

Eu, talvez seja, uma das pessoas que mais tem o nome trocado.

Não, não. Não estou falando de trocar uma vez ou outra.

Na verdade para algumas pessoas meu nome é outro.

Tem um cara que fez faculdade na mesma época que eu e só me chamar de Wagner.

- Oi Wagner tudo bem? - Olá amigão. Tudo em ordem.

É sempre assim às vezes que o encontro na rua. Nunca achei uma explicação para esse “Wagner”.

Os outros casos consegui entender.

Outro colega, que hoje trabalha na Panorâmica FM, só me chama de Joselito.

Isso há pelo menos dez anos. Não vai ser agora que vou desapontá-lo.

Joselito na verdade é o nome de outro cara que jogava futebol conosco na época de faculdade.

Desde essa época que o colega confundiu.

Tem um vereador aqui em Campina Grande que só me chama de Fábio. Aliás, de Fabinho.

- Opa Fabinho como você ta?

A pergunta vem acompanhada de um abraço típico de político.

De onde vem esse Fabinho? Eu explico.

Quando trabalhava na TV Borborema sempre fiz matérias com esse cidadão.

Como quem marcava a reportagem era o produtor Fábio ele achava (e continua achando) que Fábio era eu.

O pior é que já fiz flashes ao vivo com ele, onde sempre disse o meu nome no final para assinar a participação.

O vereador nunca prestou atenção.

Quando mudei de emissora ele disse em voz alta no teatro.

- Fabinho você agora ta na TV Paraíba. Boa Sorte lá.

Tenha um nome mais novo.

O cara da padaria perto da minha casa (onde estou morando há pouco mais de seis meses) só me chama de Daniel.

É porque na época que Daniel trabalhou em Campina apresentou o programa Esporte no 9.

Eu fazia as reportagens do programa. E quando Daniel foi embora para Brasília eu apresentei o programa várias vezes.

Daí o Daniel.

Sim, antes que eu me esqueça, meu nome é Leonardo. Para os mais chegados, Léo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Fã e ídolo

César (apesar de ser uma história real, o nome é fictício) almoçava tranquilamente numa churrascaria da cidade de Sousa, interior paraibano.

Acertava com o repórter os últimos detalhes da transmissão do jogo que faria dentro de algumas horas. Foi quando percebeu que um de seus grandes ídolos na música entrava na churrascaria.

- Olha quem chegou. É Almir dos Fevers. Sou fã desse cara.

- Tu já tinha me dito.

- Vou lá falar com ele. Pedir para ele autografar meu CD.

- É vai sim.

César se dirige a cinco mesas à frente. Almir acabara de sentar.

- Olá, bom dia. Almir eu sou um grande fã seu.

- Ah é. Obrigado.

- Vai ter show aqui perto?

- Vai sim.

- Pense numa tentação. Se não tivesse que voltar hoje ficaria para assistir o show.

- E você?

- Vou transmitir um jogo aqui na cidade. Sou radialista.

- Que bom.

- Almir é o seguinte. Viajei de Campina Grande até aqui, mais de três horas, escutando seu CD. E gostaria de saber se você pode autografar meu CD.

- Ah, claro. Será um prazer.

- Espera só um pouco que vou aqui no carro pegar.

O radialista anda rápido pro carro. No caminho pensa (ele não tinha sequer escutado The Fevers na viagem) se o CD estava realmente no carro.

Depois de abrir a porta sente aquele bafo quente no rosto do calor que estava “armazenado” dentro do carro. O suor pinga da testa.

César senta-se no banco do passageiro, abre o porta-luvas (já pingando de suor) e começa a remexer o porta CD, com capacidade para 60 cd’s. Passa um por um.

Depois de olhar quase cinqüenta encontra. Era melhor não ter encontrado. O CD do grande ídolo era pirata, comprado naqueles carrinhos por 2 reais.

Não dava pra pedir um autógrafo num CD pirata. Seria muita cara de pau.

Mas ele lembra que a caixa do CD também está no carro. Sem jeito é uma capa típica de CD pirata. Aquelas feitas no computador impressa em papel oficial que só vem o nome do cantor, digitado na maioria das vezes em diagonal.

Uns dez minutos depois César volta pra churrascaria. Na parte da barriga, a camisa molhada de suor (tá pensando que é fácil ficar dentro de um carro no Sertão). Na testa o suor também escorre. As mãos vazias. Aliás, cheia de constrangimento.

- Eh, olha Almir eu o CD estava no carro, mas não consegui encontrar.

Uma desculpa esfarrapada para quem tinha passado três horas escutando um CD.

- Tudo bem. Fica pra próxima. Bom apetite pra você e bom trabalho lá no jogo, disse sem disfarçar que sabia da mentira.

O repórter da mesa acompanha tudo à distância. Sem entender nada.

- O que foi que houve?

- Fui pegar o CD no carro para Almir autografar e o que eu tenho é pirata. Não tive coragem de trazer.

- Hahahahahahahhahahaha.