segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Cagadas

Ninguém toca no assunto. A não ser com as pessoas mais íntimas. Íntimas mesmo. Falar sobre o ato solene de ir ao banheiro é algo desconfortável. Aqui não sei se trato do assunto com o popular “cagar”, ou o infantil “fazer cocô” ou o técnico “defecar”. Qualquer uma das três expressões não diminuirá o constragimento para quem se aventurar a ler este post até o fim.

A verdade é que por mais que imaginemos ser o único a defecar (talvez esse seja o motivo de nossa vergonha) não somos. Quase nunca (ou nunca mesmo) pensamos em Angelina Jolie, Sandra Bullock, Gisele Bündchen ou Juliana Paes sentada numa privada. Mas elas sentam. E fazem o mesmo que eu e você. Também acontece com Robert Pattinson, Brad Pitt, Rick Martin e Reinaldo Gianecchini. A beleza dos famosos não os impede de ‘sentar no trono’.

Antes de continuar é preciso relatar o que encontrei sobre defecar. Diz a definição técnica que “é o ato de evacuar fezes do organismo através do relaxamento do esfíncter e contrações do reto anal. A utilidade da defecação é fácil de ser compreendida: ela é necessária para a eliminação do material sólido não absorvido pelo organismo. Frequentemente, o ato de defecação é inibido por razões de ordem social”.

Desse jeito fica mais ameno. Até porque não dá pra entender muita coisa.

Ainda sobre o ato diz-se que “ocorre normalmente no homem uma a duas vezes em 24 horas. É comum uma grande variação nos hábitos intestinais, principalmente quando se analisam indivíduos de diferentes nacionalidades e submetidos a vários tipos de condicionamento”.

A definição técnica sobre a vontade (tecnicamente chamada de reflexo) diz que “a defecação é iniciada por reflexos (reflexo intrínseco e reflexo parassimpático). O enchimento das porções finais do intestino grosso estimula terminações nervosas presentes em sua parede através de sua distenção. Impulsos nervosos são, então, em intensidade e freqüência cada vez maior, dirigidos a um segmento da medula espinhal (sacral) e acabam por desencadear uma importante resposta motora que vai provocar um aumento significativo e intenso nas ondas peristálticas por todo o intestino grosso, ao mesmo tempo em que ocorre um relaxamento no esfíncter interno do ânus”.

Tudo isso que está entre as aspas Zé Lezim definiria como uma frieza no espinhaço em pleno calor de 40 graus de Teresina Piauí.

A frequência (um amigo me revelou que sofre de prisão de ventre) e o tempo de cagada depende de cada indíviduo. Alguns passam 5, 10, 15 minutos. Alguns exageram chegando até 45 minutos ou mais. Excetua-se os casos de desarranjos intestinais (a popular caganeira) que quanto mais rápido, melhor.

Há vários anos eu e meu amigo de infância Nir nos questionamos quanto tempo havíamos gastado até aquela data com cagadas. Realmente era coisa de quem não tinha o que conversar depois de algumas doses de Bacardi Limon com gelo e soda. Ainda era adepto desta bebida, os amigos mais recentes desconheciam esse hábito.

Pra conta ficar simples arredondamos para um tempo médio de 10 minutos de cagada. Consideramos apenas uma por dia. Como são 365 ao ano (intestino não tem feriado) gastaríamos 3650 minutos, o que corresponde a em média 6 horas/ano. Levamos em conta 25 anos, período que acreditavámos ter mais consciência do que estávamos fazendo. Já perceberam que criança caga rápido pra voltar a brincar?.

Dessa forma havíamos gastado 150 horas da nossa vida no banheiro. É pouco tempo. Pouco mais de seis dias se observamos o dia com 24 horas. Porém quase ninguém caga dormindo. Os bêbados fazem parte deste quase. O dia do cagador tem em média - considerando 8 horas de sono - 16 horas. Assim destinamos quase dez dias da nossa vida a fazer merda, ou melhor, colocá-la pra fora.

Para não perder tempo (nesse caso tempo não é ouro, é merda mesmo) muita gente faz outra atividade durante a defecação. Ouve música, ler jornal, revista ou um livro. É a forma de aproveitar bem o tempo no banheiro.

Outras pessoas preferem apenas a aproveitar o momento. Conheço alguns que é no vaso sanitário que fazem planos, pensam na vida. Sobre o fato de pensar sentado no ‘trono’ acho “coincidência” uma das mais famosas esculturas do francês Rodin, O Pensador, lembrar o ato de defecar.

Essa comparação nada mais é que fruto do meu analfabetismo artístico. Segundo pesquisa O Pensador “retrata um homem em meditação soberba, lutando com uma poderosa força interna (até essa definição lembra o ato de defecar. A força interna do intestino. Parentese meu). Originalmente chamado de O Poeta, a peça era parte de uma comissão do Museu de Arte Decorativa em Paris para criar um portal monumental baseada na Divina Comédia, de Dante Alighieri. Cada uma das estátuas na peça representava um dos personagens principais do poema épico. O Pensador originalmente procurava retratar Dante em frente dos Portões do Inferno, ponderando seu grande poema. A escultura está nua porque Rodin queria uma figura heroica à la Michelangelo para representar o pensamento assim como a poesia”.

Alguém que se arriscou a chegar até aqui deve estar curioso sobre o que faço na hora do ato solene da cagada. Como disse no início o assunto é desconfortável e constrangedor. Por isso, prefiro não revelar.

Um comentário:

beto disse...

E eu leio seu artigo. Kkkk
Parabéns